domingo, maio 04, 2014

Ah, a efemeridade das coisas. Algumas vezes encanta, outras vezes devasta. Da mesma forma que pode destruir algo que poderia ser bom, fatalmente pode construir aquilo que era pra ser. O inevitável sempre vence, em qualquer uma das escolhas. Aliás, não se trata de escolhas. Com certeza, definir tudo isso como uma simples "decisão a ser tomada" seria algo aquém do esperado.

Eu busco considerar todo esse devaneio como algo mais subjetivo, algo mais sublime, algo mais impreterível. Irremediável. De fato, não há remédio para o essencial. Desconstruir-se é para os fracos.

Assumo, sem medo de errar, que eu sempre tive uma admiração pelo efêmero que mistura-se com o intenso. Aquela escolha (in)consciente que você segue, sem medo, e dedica-se, veementemente, até onde valer a pena. Acho que a intensidade de forma responsável é sempre algo mais nobre e grandioso. Afinal, coisas mornas serão sempre coisas mornas. E o comum apaga-se, acostuma-se. E nada mais terrível do que viver sempre no habitual.

Na mesma linha de raciocínio, considerando o oposto, se tem algo que me incomoda é o efêmero irresponsável. Aquele que espalha-se em pedaços banais e levianos. Aquele que quer abraçar o mundo, de forma psicótica. Aquele que quer tudo e sai por ai fazendo vítimas de seu próprio caráter autossuficiente. Aquele que se prende a uma falsa liberdade que considera apenas quantidade, esquecendo o valor daquilo que é fundamental. Pisemos no freio, porque nem tudo que se espalha consegue se juntar.

terça-feira, outubro 08, 2013

"Quem é de verdade sabe quem é de mentira".

Mentes assombradas por ambições desenfreadas, maldades desnecessárias e pensamentos desumanos; pessoas cada vez mais egoístas, individualistas e autossuficientes. Em tempos hodiernos, já estamos "acostumados" com situações e atitudes que nunca, jamais, em nenhum momento, nem devíamos ter ouvido falar. Ademais, parando para analisar de uma maneira minuciosa, o que me preocupa não é tão somente o que estamos (convi)vendo agora, mas o que vai acontecer, irremediavelmente, em breve: um mundo totalmente fake. Quem é de verdade que se cuide.

As redes sociais são propícias aos comportamentos duvidosos e ambíguos. Já me perdi, outrora, em reflexões associadas ao ato de "escrever o que realmente se pensa" ou "pensar o que se escreve", mesmo que nem seja verdade, anulando ou distorcendo o seu eu, de fato. Diante disso e muitas outras coisas, já desisti de tentar entender esse teatro. O importante, pra não dizer a única saída, é tentar identificar e afastar o mal provável e tentar se manter perto do bem. Tarefa difícil para quem não tem coisas ruins no coração, afinal, a porcentagem de frieza e perspicácia em analisar além da conta vai refletir e influenciar (in)diretamente nas boas escolhas. Já dizia alguém que, lamentavelmente, um coração mole é uma presa fácil para oportunistas maldosos.

quinta-feira, julho 25, 2013

This is my message to you

Existem algumas músicas que falam, exatamente, sobre o que estamos vivendo. Não sei se foi coincidência, mas esbarrei, esses dias, com canções que chamaram minha atenção por escancarar o assunto "sentir medo" ou "evitar o medo". Será que existe uma maneira ideal de fugir disso tudo? São sinais, conclusões, associações forçadas ou espontaneidade?

O nosso cérebro é interessante, mesmo. E o meu funciona de uma forma bem estranha. Ele associa minhas situações com músicas. Sempre. E de uma forma peculiar: eu não procuro associar. É uma resposta, aparentemente, já adiantada e natural. Veja bem, não falo daquilo de buscar uma letra de uma música e encaixar com o que estou vivendo. Não é tão banal assim. Vou explicar.

Quando eu cursava a Pós em Avaliação Psicológica, sempre que entrava na sala e me acomodava, me pegava cantando bem baixinho a música "Olhos Coloridos". Depois de um tempo, comecei a perceber que era constante mesmo, porque diariamente isso acontecia. E ai, rápido como um surto, meu pensamento deu-se conta e concluiu que havia uma colega de turma que era a cara da Sandra de Sá. Lembro-me de outra situação de associação de cores. Sempre quando eu saia com uma calça vermelha que ainda tenho, quando notava já estava cantarolando "Vapor Barato", onde tem um trecho que fala "com minhas calças vermelhas, meu casaco de general". Citei essas situações, mas já perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu. Muitas, mesmo. E, sempre, de uma maneira sorrateira.

E seguindo esse raciocínio, percebi que ultimamente a música "E pronto", de uma banda muito pouco conhecida, chamada "Reverse", adentrou em minha mente de uma forma brusca e intensa. Comecei a me incomodar com a situação quando me dei conta que até estudando começava a pensar em suas palavras. Não exatamente nela toda, por completo, mas em um trecho que fala "Vou desligar meu cérebro para o meu corpo parar de doer". Pensando bem, como eu não poderia associar tudo isso ao momento atual e redundante?

O meu medo estancou quando, hoje, tive uma das melhores notícias da minha vida. Pouca gente sabe, mas de seis em seis meses preciso fazer uma avaliação oftalmológica, que analisa exatamente como minha retina está, quais alterações progrediram, quais regrediram e, sobretudo, a porcentagem de visão que está prejudicada, devido à Diabetes e ao Lúpus. Estava com muito medo, um sentimento quase paralisante, mas fui. Quando sentei e aguardei o médico, veio em minha mente "in every life we have some trouble, but when you worry you make it double, don't worry, be happy". O laser invadiu meus olhos, as lágrimas desceram e o meu médico explicou que existiam, sim, algumas alterações, mas que elas não haviam progredido. Saber que permanecia estável soou perfeitamente bem. Deixei a clínica bem mais tranquila, peguei um táxi, porque estava com a pupila dilatada e não podia dirigir. Já chegando ao meu destino, o taxista ligou o som e estava tocando "Three Little Birds", do Bob Marley.

"Don't worry about a thing, 'cause every little thing gonna be all right".

sábado, maio 18, 2013

(Des)encontros.

Se alguém te perguntasse com quantas pessoas você já conversou na vida, certamente não seria possível obter uma resposta fácil. Além da quantidade ser enorme, até mesmo as mais especiais, de alguma forma, podem ser esquecidas ou omitidas, de forma intransigente, dessa lista. Acredito que isso esteja relacionado ao fato de que muitas lembranças parecem vagas em nossa memória e, em um simples piscar de olhos, esquecemos o quanto alguém pode ter sido tão unicamente importante em um determinado momento, mesmo que passageiro. E a pergunta é: por que algumas pessoas tocam a gente de uma forma tão diferente das demais? Por que exatamente aquela pessoa? Difícil saber.

Iniciei um processo de reciclagem cerebral, separando diversas fases da minha vida, e deparei-me com algo curioso: diferenças absurdas. Por mais que a gente construa "inconscientemente" um modelo ideal de pessoa, ele sempre será parecido com aquele roteiro de viagem internacional: sempre mudamos o rumo. Seguindo essa linha de raciocínio, percebo que o interesse pessoal que se desperta em nossa mente é muito estranho. É como se fosse uma espécie de destino infalível. Como não poderia existir Deus nisso?

A cada minuto que passa, recorrentemente, existem centenas de pessoas se conhecendo e percebendo o quanto são parecidas em inúmeras coisas: gostos, características, manias, defeitos. Mas isso acaba sendo relevante, porque já perdi as contas de quantas pessoas tive um apreço enorme e, fazendo uma comparação, a quantidade dessas pessoas que são parecidas comigo e diferentes de mim é, aproximadamente, a mesma. Não acho tão justo dizer que as relações que mais deram certo foram as que existiam gostos iguais, apesar de ser mais provável. Mas o que é necessário, realmente, para se identificar com outrem, nesse jogo de gostos e características iguais ou desiguais? O que se soma e o que se subtrai? Difícil saber.

Outro questionamento importante é: por que nos encantamos por alguém em um determinado grupo, em um certo momento, sendo esse grupo composto por pessoas que fazem as mesmas coisas, se portam do mesmo jeito, dançam parecido, conversam sobre coisas que todo mundo conversa, enfim, por gente que é como a gente? Por que sempre tem aquela pessoa que quando você olha, já vê algo diferente de cara, de graça? Por quê? Difícil saber.

É claro que pessoas são diferentes. Lógico. Mas não estamos falando de diferenças absurdas, de extremos, de pessoas que jamais se esbarrariam e se identificariam na vida. Não. Refiro-me à pessoas que são claramente semelhantes. Mesmo assim, vai existir aquela que tem um diferencial relativo e propositado, que vai significar algo especial e único apenas pra nós mesmos. Por quê? Difícil saber.

E quando temos saudade de algo que nem vivemos? Pessoas que possuem o dom de despertar esse sentimento tão subjetivo só podem ser especiais. É como se projetássemos algo perfeito em alguém que poderia ser perfeito para nós. E não tem como isso não ser marcante pro resto da vida, mesmo que nem aconteça. A ausência também pode ser encantadora. E transmudar tudo isso em presença pode ser grandioso e divino. O porquê disso? Difícil saber.

Confrontando vários fatos, penso que, durante toda a nossa vida, iremos conhecer diversos tipos de gente, independentemente de nossas vontades ou preferências. A vida pode ser sempre uma surpresa, como aquele emprego não tão desejado, que você arrisca porque ninguém tinha tanto interesse e ele acaba sendo algo bom ou como aquela proposta aparentemente irrecusável que você descobre depois de um tempo que era uma cilada. Da mesma forma, a vida pode ser uma obviedade, como aquilo que já começou ruim e com o tempo fez-se pior. Mas desconfio mesmo que a resposta para o porquê de algumas pessoas tocarem a gente de uma forma tão diferente das demais, é que existem encontros que são, definitivamente, inevitáveis. Você já sente que começou bem e, de qualquer forma que for, vai terminar bem também. Algo que dá a impressão de que se for simplesmente ignorado, pode mudar o rumo de toda a sua vida, irremediavelmente. Por quê? Difícil saber.

quarta-feira, março 13, 2013

Incoerência - Parte I

Discursos maquiados de pessoas que levantam a mão e enchem o peito de razão para se declararem autossuficientes, coerentes e diferentes. Mas diferentes no que mesmo, hein? Triste constatação. De qualquer forma, preciso iniciar essa reflexão considerando os últimos anos, sendo bem concisa, e partindo da diferenciação entre pessoas que são e pessoas que demonstram ser. Afinal, o que importa, realmente?

Não é preciso ter feito um doutorado em Harvard para saber que, de certo modo, as redes sociais são propícias ao teatro medíocre e vazio de gente que passa mais tempo demonstrando ser do que sendo. Esse ponto é crucial e complexo, visto que pode ser distorcido facilmente. O que eu posso defender é que existe uma linha tênue e frágil entre falar coisas, postar fotos, ideias, músicas sobre seu cotidiano com boas intenções e escancarar coisas de maneira mascarada e obscura. E ultrapassar esse limite é desastroso, porque se tem uma coisa que algumas pessoas não percebem é que não é necessário muito tempo pra o outro perceber que tudo isso é uma fraude e autossabotagem da própria personalidade. Um melancólico fim do seu próprio "eu".

Nos últimos tempos ocorreu uma reviravolta infernal de valores e princípios. E, pra mim, seria impossível não analisar. Eu não consigo entender se as pessoas tornaram-se esquizofrênicas e incapazes de avaliar suas atitudes incoerentes ou se uma espécie de tempestade do mal invadiu esses corações. Aliás, é possível usar a palavra "coração" ao falar sobre isso? Difícil saber. O que eu percebo, com um olhar sangrando de tristeza, me deixa sem chão e totalmente sem ar. Já perdi noites e mais noites de sono buscando entender, compreender, tentando achar uma explicação justa. Mas dentro desse assunto não se pode falar sobre justiça - pelo menos, não na justiça dos homens.

Não posso continuar esse texto me achando alguém diferente de tudo isso. De jeito nenhum. Me incluo em algumas constatações, sim. Não posso afirmar que sou uma pessoa digna de ser um perfeito exemplo, ao falar sobre meu caráter, mas confesso que procuro ser. Digo sem medo de errar que eu busco ser coerente. Estou aqui, nesse nosso mundinho complicado, exclusivamente para isso: não ser nunca mais aquele alguém que possui valores que eu não concordo. E isso eu posso afirmar: funciona e faz bem. Sem dúvidas, isso me permite, hoje, deitar a cabeça no meu travesseiro e dormir tranquilamente.

Mas a incoerência absurda transformou-se em acomodação. Para muitos, por exemplo, é mais cômodo dizer que Deus vai perdoar tudo, mesmo agindo sempre da mesma forma, sendo incapaz de entender o real significado da frase "respeito ao próximo" e magoando as pessoas sempre do mesmo jeito, diga-se de passagem, terrivelmente. Será que esse problema é pra Deus resolver, mesmo? E o engraçado é que, nesse momento, surge a necessidade e a importância do apenas "demonstrar ser", porque deixamos explodir a mania feia de sermos excessivamente agradáveis e amorosos. Mas, até quando? Ah, até surgir algo novo, seja bom ou péssimo, mas, antes de tudo, novo. Belo exemplo de humildade. Para quem vive nesse conflito egocêntrico, que tal tentar, antes de tudo, respeitar quem gosta de você de graça e não agradar pessoas por pura conveniência? É o primeiro passo pra poder abrir a boca, sem culpa, e dizer que faz o bem.

Nessa linha de raciocínio incoerente surge o grupo diferenciado de indivíduos que em pouco tempo se envolvem com mais de 37 pessoas, com direito a mudança de status no Facebook e tudo, e têm, mesmo assim, a petulância de postar que "os outros" saem por ai ficando com todo mundo. São aquelas frases que você lê e pensa: Tá de sacanagem, né? Fica a dica: ou você continua agindo assim e não posta coisas desse tipo ou você muda seu comportamento e passa o dia postando isso. Garçom, uma dose de coerência, por favor.

Em contrapartida a isso, o que dizer daquela incoerência assombrosa das pessoas que fazem, praticamente, uma seleção irreal para o cargo de companheiro(a)? Digno de risadas escandalosas, né? Vejamos, há uma busca implacável para reunir características admiráveis em alguém, mas tudo isso é deturpado quando nota-se que o que importa é o que você tem a dizer sobre o que essa pessoa faz no dia a dia e não como ela te abraça com amor. É mais bonito apresentar o outrem como o juiz da vara de num sei que lá do que dizer o nome dele. Estranho isso, porque se você parar pra pensar, o que muitos fazem qualquer pessoa dentro de uma média de QI considerada normal também pode ser capaz de fazer, como eu já disse em outros tempos. Pausa. É nesse momento que surge a falácia de defender que admira a disposição, o tempo gasto atrás do tal sonho, os sacrifícios, etc. Concordo, mas repito: muitos são aptos para isso, também. Eu, por exemplo, não desejo que todas as pessoas amputem suas pernas ou que passem meses sem andar para aprenderem a ser pessoas melhores. Cada qual com seu fardo.

Sem falar da chuva grossa nas redes sociais das descrições de perfis informando apenas onde a pessoa trabalha e as línguas que ela fala, e deixando de lado suas características pessoais. Fazer isso ou aquilo é uma consequência, ao meu ver. Se a busca é por pessoas que agregam, sugiro que a escolha seja, primeiramente, pelo caráter. Mas, se isso não for suficiente, lembre-se que você pode acabar caindo no erro de priorizar outras coisas. Então, reze para não ser agregado em sua cabeça um belo par de chifres. Brinquei, brinquei.

Mas, vendo o lado bom de escolher bem, visto que ninguém quer o pior para si, acredite: você só tem o direto de exigir qualquer coisa se você consegue dar o seu melhor. Não adianta posar de namoradinho(a) perfeito(a) só para quem te conhece de longe. De longe, todo mundo é incrível, né? Garçom, uma dose de excelência de qualidades para agradar as pessoas próximas, também. Elas merecem. Bem mais.

Que tal fazermos uma correlação entre algumas outras áreas da vida? Vamos pensar: não adianta ser um ótimo profissional e, (des)aliado à isso, ser um(a) companheiro(a) mediano. Solução para isso: nunca case-se. Mas cuidado ao adoecer, pois tenho minhas dúvidas se o teu chefe vai te acompanhar no hospital. Ao contrário disso, não adianta, também, ser uma ótima pessoa, bondosa, leal, companheira e tudo mais, e querer passar a vida de pernas pro ar. Até pra ser dona de casa, tem que ter, no mínimo, disposição pra cuidar de crianças, tá? Que tal um curso de culinária, pelo menos? E se você for inteligente, já é um bom caminho andado pra qualquer coisa. E perto disso tudo, por fim, o que não adianta, principalmente, é sempre querer o que não se tem. Não adianta estar sempre olhando para aquilo que não se está vivendo. Aceite as individualidades alheias. Pessoas são diferentes e pasme: você nunca vai ter todas as qualidades do mundo reunidas em uma pessoa só. Escolha algo e sinta-se satisfeito, se valer a pena. Se não é suficiente, mude-se para algum país que seja legal a poligamia, que tal?

Falando em pessoas insatisfeitas, é impossível deixar pra lá o grupo de pessoas que colocam todos os defeitos do mundo nos outros. Sempre é o outro que mente, que trai, que é safado, que é galinha, que é interesseiro, que é preguiçoso. Não adianta você berrar que o mundo é interesseiro, se você só entra em uma relação se o homem pagar todas as suas contas. Não adianta você dizer que o outro é preguiçoso porque não está trabalhando, se você morre de preguiça de sair de casa pra fazer uma visita à alguém que você diz que gosta. Cada um possui as suas disposições, que são transitórias, inclusive. Não adianta você falar que nas baladas só existem homens galinhas, se você namora e dá em cima de todo mundo, virtualmente. Inclusive, eu chamo atenção para esse quesito: não existe isso de separar sua vida pessoal do comportamento que você tem nas redes sociais. Isso não existe. Aliás, só pode ser considerado se você tiver o diagnóstico de Personalidade Dissociativa. Não adianta, o que você faz, na internet ou quando ninguém está vendo, faz parte de você. Deixe de ser pelé! Espero que Deus não tenha a senha do seu Facebook. Tá, essa foi brincando, também.

Outras palavras que eu procuro sempre correlacionar com a COERÊNCIA necessária aos nossos atos é o CONTEXTO e a INTENÇÃO deles. Conheci uma pessoa que se dizia super coerente e agia de uma forma, no mínimo, curiosa: era distante das pessoas mais próximas dele e era adorável com pessoas que ele mal conhecia. Qual a intenção disso? Curioso, né? Qual a explicação, Nietzsche? Prefiro me abster de comentar sobre isso. Só não dá pra reclamar quando perceber que as pessoas mais próximas são as que mais se afastam de você.

E onde o contexto entra nesse assunto? É comum as pessoas pensarem no contexto das suas atitudes? Quase nunca. Pois bem, eu aprendi que onde não há um contexto, há uma brecha. Um espaço para ser colocado o que qualquer pessoa quiser. E são exatamente nessas brechas que tudo se destrói em segundos.

E o que dizer da proporcionalidade das suas ações? Que tal ser coerente com a situação vivida? Enfatizo a importância desse questionamento, sobretudo, para sua própria sinceridade e honestidade. Não adianta, de forma alguma, querer considerar alguma coisa mais do que ela permite ser considerada. Nem menos. Pra início de conversa: em hipótese alguma assuma algo que você não é capaz de fazer. Você se conhece e sabe discernir isso. Não aceite um cargo que você tem certeza que algumas características suas vão te arruinar, principalmente, se for prejudicar mais alguém. Na dúvida, tente. Na certeza, corra.

Da mesma forma, serve para os relacionamentos interpessoais.

Ah, você quer alguém que esteja disposto a estar ao seu lado? Fácil, esteja disposto a estar ao lado dele(a), também. Ou então não esteja e aceite a mediocridade alheia. Vive reclamando que nunca encontrou o que procura? Será que o problema não está relacionado ao que você anda oferecendo? Relacionamentos unilaterais só funcionam por um certo tempo, porque depois desanda. Além disso, ninguém precisa provar nada pra ninguém. Ninguém, mesmo. Seja coerente com o que você busca ser. Bem simples.

Incoerências, incoerências. Talvez tudo isso seja um fuga ou uma simples maneira ingênua de tirar o foco das nossas incapacidades. No momento em que estamos apontando o dedo pra alguém, há várias outras pessoas nos observando, nos analisando. E, inevitavelmente, nesse exato instante, todo o nosso discurso é colocado em prova, principalmente se ele desconstrói tudo aquilo que a gente realmente é. Afinal, o que é mais digno: escrever o que se pensa ou pensar o que se escreve?

sábado, janeiro 05, 2013

Palavras, apenas palavras?

Eu gosto de Palavras. Gosto mesmo. Como elas são escritas, como se formam, como soam. Como são ouvidas visualmente e como são vistas sonoramente. Seus cheiros, seus sabores, suas rimas. Mas eu gosto, principalmente, dos seus significados. Não falo tão somente da semântica, e sim das suas subjetividades e individualidades. Afinal, cada cabeça é um mundo, e cada mundo é uma história. E cada história, um julgamento.

Pensei em quantas vezes já me expressei mal. Perdi as contas. Mas o que me incomoda realmente é a falta de cuidado em proferir palavras que soam adequadas com a situação, sentimento, pensamento. Falta de noção, eu diria. E indo um pouco mais além, falta de boas intenções. O que realmente queremos dizer quando metralhamos certas palavras? Como tudo está voltado para si (explica aí, Nietzsche), não é difícil responder isso: sempre vai existir uma porcentagem voltada para nossa satisfação egoísta. Mas qual o limite de responsabilidade que devemos ter com as palavras que proferimos aos outros?

É óbvio que excluo dessa lista os semi esquizofrênicos ou algo do tipo, que interpretam qualquer frase de qualquer jeito. Não falo de distorções e pirações. Falo de obviedades claras. Bem claras, explicadas, dignas. Sinceras. Pausa para as indignações, pois é exatamente nesse momento que surgem as frases prontas cheias de aspas dizendo que somos responsáveis apenas pelo o que falamos e não pelo o que o outro entende. Resposta errada.

Vejamos: concordo que, muitas vezes, os outros só entendem o que querem, mas existe um limite para isso. Deve existir, senão o mundo já teria acabado em tapas, puxões de cabelos, tiros e pontapés. Mas faltam boas intenções. Ah, isso falta. Um significado subjetivo de uma frase jogada aparentemente sem propósito pode alterar rumos, apreços, vontades, escolhas e, especialmente, julgamentos. Já pensou? Basta um "Esse cara é gente boa, mas você sabia que (...)?"; ou "Chefe, fulano realizou um serviço medíocre, posso refazer?  Mas não comente com ele, pois ele está com problemas pessoais sérios"; ou apenas um "Vou te contar uma coisa sobre tal pessoa, mas você não pode comentar que eu te falei isso, morre aqui, tá?" e pronto. Acabou-se a admiração, a vontade, os planos. Um passa por cima do outro de maneira implícita e maldosa. Se não for tão dramática a situação, pelo menos um pé atrás vai surgir. E essa mínima desconfiança ou dúvida sempre vai te atormentar. E as pessoas mal-intencionadas e faladoras: WINS.

Palavras são afirmações e declarações que não são apagadas. O peso de cada asseveração já foi eternizado no momento que foi exposto. Aconteça o que acontecer, elas estão sempre soltas. E as consequências dessas palavras não comedidas podem ser desastrosas. Mas acredite que, um dia, faladores, elas podem se voltar inteiramente contra você. E aí, meu caro, não vai ter ninguém para aplaudir de pé seu egoísmo em cuspir palavras inadequadas. Nem Nietzsche, nem, sobretudo, Deus.

sexta-feira, novembro 02, 2012

Mantenha distância

Confrontei todos os meus pensamentos com as vivências dos meus dias, analisando fase por fase, épocas bem diferentes, pessoas mais diversas possíveis e as consequências de todos esses comportamentos, decisões e escolhas. Uma reflexão minuciosa que venho tentando realizar depois de muitas situações mal resolvidas (leia-se bem acabadas). E isso me alertou, de uma maneira brusca como um surto, para uma questão que eu sempre tento me abster: racionalidade.

Não que eu me considere uma pessoa totalmente emocional. Na verdade, estou longe disso. Mas assumo que sou excessivamente fiel aos meus sentimentos. Levo o que eu sinto até o fim, mesmo. E justamente por ter essa característica, estive analisando a quantidade de vezes que acabei sendo impulsiva e inocente - sim, uma espécie de ingenuidade amorosa. Conclusão: deparei-me com uma dúvida assombrosa: como eu, que me orgulho tanto de ter uma habilidade de conhecer as pessoas de longe, consegui ignorar tantas coisas óbvias? Como eu consegui colocar emoção demais em coisas tão mornas, medíocres, que me deixaram tão longe do que sou. Como?

Pergunta difícil, resposta simples: faltou uma análise nua e crua do perfil alheio. Simples assim.

Mas, calma. Não posso nem quero ser uma marionete manipulada pela minha própria razão. Isso soaria totalmente automático. Além do mais, tentar apagar situações é covardia. Tudo foi válido. Porém, refiro-me à falta de cuidado em prever o quase-óbvio. O famoso pagar para ver. Esse é o grande ponto e essa inconsequência costuma ser bem desastrosa. E esse desastre todo me ensinou duas coisas importantes: conheça bem o outro antes de qualquer coisa e, principalmente, seja coerente com a situação vivenciada. Não queira de mais, nem de menos. 

Como resultado de alguns embaraços sentimentais, eu vos digo: água e óleo não se misturam, mesmo. Não adianta, colegas. Não adianta você achar que com o tempo muda. Nada de ser muito otimista com tantas diferenças. Nem tente - ou até tente. Mas esteja preparado e disposto a ceder até o ponto de anular toda a sua personalidade. Tá, estou sendo radical. Lógico que existem diferenças que podem ser conciliadas, ajustadas, combinadas convenientemente. Ajustes saudáveis e até motivadores, pois vivenciar situações diferentes pode ser muito enriquecedor, em vários aspectos. Inclusive, é grandioso saber ceder sem perder a sua essência. Equilíbrio. Mas, nesse texto, falo de diferenças que o único resultado (pós negociação) será a frustração. A anulação total de ser o que você é. Nesse sentido, falo de extremos: situações que qualquer tentativa de adaptação pode despersonalizar o seu "eu". E isso é muito sério.

Um fato é que a capacidade de ceder é muito variável. Sempre vai depender de quatro perguntinhas básicas: Por que eu devo ceder? Por quem eu devo ceder? Como eu vou ceder? Você cederia? De certa forma, o outro é o principal protagonista da sua capacidade de ceder. E é justamente nesse quesito que entra o perfil alheio. Como o outro realmente é? Atente-se a isso.

Nessa linha de reflexão, percebi o quanto insisti em pagar para ver. Percebi o quanto algumas situações desafiadoras me instigaram a insistir. Mas, principalmente, percebi o quanto perdi a minha paz. E a minha liberdade, também. Pessoas que tem propósitos diferentes dos seus, mantenha distância. Pessoas que possuem características, vontades, humor, gostos totalmente diferentes dos seus, mantenha muita distância. Hábitos, costumes, princípios, valores diferentes? Mantenha uma distância maior ainda!

Se você gosta de sair, conhecer lugares, ver pessoas; ama viajar, curtir uma boa música, shows, teatro, cinema; mantenha distância de quem é excessivamente caseiro. Se você tem apreço por sua individualidade (diferente de egoísmo, vale salientar), mantenha distância de pessoas grudentas, possessivas, que não te deixam respirar, que não respeitam seu espaço. Se você gosta de se sentir respeitado, importante, lembrado; mantenha distância daqueles que só conseguem sentir prazer quando estão buscando novidade. Se você é estável e busca por um companheiro para a vida toda, mantenha distância de quem se encanta por qualquer coisa que aparece. Se você sente que "já achou", fuja de quem só vive procurando. Se você for instável, fuja das pessoas estáveis. Se você é liberal, como vai se "aprisionar" aos costumes de um conservador? Se você é promíscuo, assuma isso, viva assim e não iluda ninguém, nem você mesmo. Se você gosta de ser livre pra ficar com quem quiser não assuma um relacionamento. E o mais importante: diga isso ao outro. Você, que é econômico, quer perder seu juízo convivendo com uma pessoa fútil e gastadeira? Se você gosta de rir, qual o sentido de estar com alguém que é sério demais? Vai passar a vida toda sufocando suas gargalhadas desenfreadas e escandalosas? Se você é uma pessoa linda, vai ficar com alguém desprovido de feição? Tá, essa última foi brincando, hein?

(...)

Pena que o nosso ego, muitas vezes, não permite essa troca de verdades. Nós queremos sempre conquistar e buscar admiração de qualquer pessoa. De qualquer pessoa, MESMO. No final das contas, a gente gosta mesmo é de se iludir e iludir os outros, despropositadamente. Fatalmente, esse é o pior crime que podemos cometer: matar e esconder embaixo do tapete a nossa essência. Busque complemento e afaste possíveis tormentos.

sexta-feira, agosto 24, 2012

Ser ou não ser livre?

Tenho uma relação especial com a palavra "liberdade". Não é a toa que a tenho tatuada em meu corpo e em minha alma. Todo esse apreço surgiu depois de muitas reflexões e ponderações do real sentido, pelo menos para mim, dessa palavra. Acredito que deparei-me com inúmeras considerações simplistas e egoístas relacionadas ao "ser livre". E a consequência de toda essa deturpação é fatal, pois implica, precisamente, aprisionamento.

Em uma compreensão inicial, surge a perspectiva de independência. Ser livre, para muitos - a grande maioria, representa não ser submisso a outrem. Mas o que entende-se por ser independente? Ser liberal, ser autônomo? Nesse sentido: desprender-se. Durante anos, tive o (des)prazer de conviver com muitas pessoas que intitularam-se livres. Agora, vejo que essa liberdade defendida e protegida é justificada somente nessa consideração inicial.

Desenvolvendo esse pensamento, noto que essa liberdade transmuda-se em prisão, em correntes. E assim, em necessidade. Tudo que necessitamos excessivamente nos prende. O ato de desejar algo "necessário" é facilmente substituído pelo desejo de necessitar. E, irremediavelmente, essa necessidade de necessitar, torna-se, além de redundante, limitante. A liberdade vista como independência é a ponte para o egoísmo individualista. E o excesso disso? Solidão.

Contemporaneamente, há aqueles que defendem o "ser livre" no sentido de ser independente, e agem como tal. Acho coerente e justo. O que acredito que está desacertado é proteger a liberdade só quando é conveniente. Isso "soa" estranho e indigno de qualquer consideração.

A liberdade em que eu acredito vai um pouco mais além desse conceito simplista. Ela torna-se uma aliada da espontaneidade. É o agir consciente e inconsciente que é espontâneo por revelar um desprendimento de necessidade e que, ao mesmo tempo, está preparado para lidar com qualquer situação, mantendo uma coerência. Coerência com a sua essência. Ser livre nas escolhas, ser livre para mudar de opinião com responsabilidade, ser livre para manter vínculos que transbordam o bem e cortar vínculos destrutivos. Ser livre para amar, amar mais ainda e, depois, amar novamente. Ser livre para encantar-se por várias pessoas ou ser livre para apaixonar-se por uma só todos os dias (apresente-se, por favor). Ser livre para gostar da rotina e se empolgar nas mudanças. Ser livre para gargalhar, mesmo sozinho. Para dançar qualquer música sem ter platéia, ouvir qualquer som sem julgamento. Sentir-se livre, sem a obrigação de ser. Ser livre de tudo, inclusive de ser livre.

A necessidade de ter liberdade é como o nó que aperta, que prende, que limita. Aprisiona. É uma condição que ilude. Já a espontaneidade (des)prende despropositadamente e pode transformar qualquer relação pessoas-objetos-pensamentos também em uma interdependência, porém totalmente livre e sublime. Algo grandioso, sabe? Que foge da mediocridade, do morno, do comum. Que impressiona sua alma, sem aprisioná-la. Liberdade mode on.

segunda-feira, julho 16, 2012

Entusiasmo

“Um jovem pergunta a um casal de idosos:
- Como vocês conseguem manter um casamento que já dura 65 anos?
E o casal responde:
- Nós nascemos em uma época em que, quando algo quebrava, éramos ensinados a consertar e não a jogar fora”.

Ao me deparar casualmente com isso, não tive outra reação diferente do que pensar que é isso que falta. E essa falta realmente me assusta.

Acho que já se trata de uma percepção geral de que tudo está mudando, por mais que seja uma mudança completamente infeliz. Infeliz, considero eu, para quem já acreditou em coisas boas e sinceras. Na verdade, aqueles que desenvolveram a sua personalidade e caráter acreditando em “bons sentimentos” são os que, fatalmente, se sentem mais desenganados. Isso é uma coisa óbvia, infalível, irremediável e redundante. E preocupante.

Quem nunca se importou em ter vínculos com alguém provavelmente abre a boca para dizer que sempre foi assim e que consegue controlar isso, ou seja, que pretende ter responsabilidade afetiva quando bem entender. Sabe aquele papinho de razão ser mais importante que emoção? Posso discordar totalmente?

A procura é grande. As consequências são maiores. Uma grande parte das pessoas insatisfeitas está sempre se queixando. Isso é mais uma redundância, fato. Mas as queixas realmente me assustam. Lembro que já escrevi sobre a reclamação dos defeitos alheios e cheguei à conclusão de que se não for esse o motivo, vai ser sempre aquele outro. Sempre. E quando surge outra pessoa, vai ser sempre isso ou aquilo, que vai começar a incomodar novamente. E, quase sempre, a nova reclamação é pior do que tudo que já se reclamou de alguém, pois a paciência com o próximo a cada dia que passa vai diminuindo. A gente não aceita quem nos procura e procuramos quem não nos aceita. Até quando?

E quando começam as comparações? Parece que o mundo todo vive em uma expectativa de reunir diversas qualidades em uma pessoa só. Claro, é o que todo mundo procura. Mas o que faz bem de verdade? Viver nessa busca infinita pela perfeição termina em que, realmente? Nesse troca-troca desesperado que o resultado é quase sempre o mesmo: novas qualidades acompanhadas de defeitos que vão ser sempre motivos maiores suficientes para recomeçar essa procura por algo novo, de novo. Redundante. E por fim, frustrante.

Pra fugir da frustração, escolho o entusiasmo. Aquele entusiasmo de ser feliz intensamente com a escolha. Na verdade, não importa a escolha. O que importa é ser feliz com ela. Ser feliz para ela. Direcionar, canalizar, se doar, cuidar daquilo que tá ali pra você. Se completar, se combinar amavelmente com o outro e se satisfazer. Tudo aquilo que você escolhe, diz claramente o que você procura e, principalmente, quem você é. Os “bons sentimentos” só conseguem ser resgatados por aqueles que escolhem reconquistar várias vezes a mesma pessoa. Não tenho dúvidas de que isso é intensamente mais bonito, sublime e grandioso do que conquistar diversas pessoas, despropositadamente.

domingo, setembro 25, 2011

Você é o que você sente

Eu queria conseguir entender o que está acontecendo. Qual é? Com as pessoas, com o mundo, de uma forma abrangente. Muitas vezes me pergunto isso e a única resposta que vem em minha mente é o silêncio. Um silêncio tão intenso que me ensurdece. Algo como um estrondo, que logo em seguida se transforma em um eco. Um eco que insiste, que repete, que é redundante. Que grita.

Eu queria conseguir viver a vida sem me preocupar com isso. Sem me preocupar com as pessoas, com a falta de amor e de respeito. Talvez isso seja meu pior defeito. Mas a cada acontecimento, a cada situação nova e a cada observação dos comportamentos alheios, desespero-me. Não que eu tenha esse direito, nem muito menos me considero um exemplo a ser seguido, não mesmo. Aliás, certifico-me que estou longe disso. Mas uma coisa que teimo em defender, até o último dia de minha vida, é o apreço pelos meus sentimentos. Inclusive, posso garantir que meus piores erros foram devido a isso. Seguir sempre o que eu sinto, por quem eu sinto, como eu sinto, até o fim.

Eu queria conseguir acreditar que os erros das pessoas estão diretamente relacionados ao que elas sentem, de verdade. Teria uma certa explicação ou pelo menos o impulso da emoção, em determinado momento, justificaria algumas atitudes. Seria emocionalmente coerente, mesmo não sendo atitudes tão admiráveis. Mas o que consigo enxergar, hoje, são pessoas egoístas que não respeitam nada nem ninguém, que são totalmente insensíveis ao sentimento alheio. Pessoas frias. Pessoas que acreditam que, por si só, bastam-se.

Eu queria conseguir ser uma dessas pessoas. Mas acredito que a única forma de agir com coerência, mesmo que resultasse em uma vidinha morna e sem paixão, seria vestir esse personagem e viver a vida com atitudes solitárias, vivendo pra lá e pra cá, conhecendo várias pessoas, vários lugares, passando por várias experiências, mas sem manter nenhum vínculo, nenhuma relação intensa-passageira. Assim teria minha consciência tranquila de que não despertaria uma esperança em alguém. Uma pessoa que passou a vida toda procurando alguém como eu aparentava ser. Evitaria o sofrimento alheio de terem que me esquecer. Já que eu, supostamente, me conheço e sei que minha prioridade não é um relacionamento, e sim coisas superficiais - repito, mornas.

Mas alguns preferem pagar para ver. A maioria dessas pessoas querem desbravar o mundo, mas nem sequer se conhecem. Querem ter tudo, mas não se tem a si mesmo. Acham que sabem o que querem da vida, mas não sabem nem o que querem no momento! Passam o dia todo pensando em problemas do trabalho, mas não perdem uma noite de sono fazendo amor. Vivem em busca de prazeres que irão surpreender seus olhos, mas não chegam nem perto de surpreender sua alma.  É triste ver que quem é "bom" é visto como otário. Quem é "ruim" é valorizado e se dá bem. Se você se dedica muito você tá perdendo tempo, se você não valoriza o que tem e busca outras coisas você é visto como esperto. Que valores são esses?

Eu queria conseguir acreditar que a maioria das pessoas poderiam responder, quando qualquer um perguntasse sobre "o que te faz feliz", que o equilíbrio de tudo é o primeiro passo para a liberdade. Equilíbrio de terem uma vida extremamente contagiante afetivamente, socialmente, psicologicamente, profissionalmente, e mais vários outros "mentes". Uma vida compatível, digna. Ser livre dos seus medos, dos seus erros. Só quem se conhece quase que perfeitamente entende o eco da vida. O que você faz dos seus sentimentos hoje, será o que você vai receber do futuro. A vida é construída passo a passo e mesmo sabendo que "estamos atrasados, a gente espera que ainda tenha tempo" - quando? Já dizia Nando Reis, que o mundo está ao contrário e ninguém reparou.

Quando eu começar a ver as pessoas colocando sentimentos verdadeiros em seus dias, e não vivendo nessa de quererem sempre mais (ou menos), eu vou começar a tentar entender o que realmente está acontecendo.